3 Miniaturas para Jorge Amado

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Esta peça foi um projeto do Curso de Extensão da Ufba, sob supervisão do professor Paulo Rios Filho.

A proposta era criar uma peça coletiva para ser incluida num concerto de comemoração dedicado ao grande Jorge Amado. Meu amigo e colega de aulas George Christian e eu escolhemos, cada um, uma frase de qualquer um dos romances de Jorge, e construiu a sua ‘miniatura’ através de processos de livre escolha. No caso da minha peça, todo o material foi criado a partir dos possíveis contornos sonoros da frase “Políticos imbecis e gordos, suas magras e imbecis filhas
e seus imbecis filhos doutores”, expressão bastante atual, porém proveniente de “País Tropical”, um dos primeiros romances do autor.

A estrutura desta miniatura também foi inspirada pelo número 3, que é o número de períodos da frase (políticos, filhas e filhos), o número de termos utilizados em cada período (políticos, imbecis, gordos), pela reiteração por 3 vezes do adjetivo imbecis, e finalmente, por coincidência, pelo fato de termos 3 miniaturas. Isso me provocou a desenhar a peça como uma estrutura concêntrica sempre de 3 elementos que se dividem em 3 ou que se juntam em conjuntos de 3, recorrentemente.

Vinicius, que participava em qualidade de monitor, construiu a terceira miniatura a partir do material das outras duas, e assim conseguimos participar do programa e ver a nossa peça estreada pelo Camará Ensemble em 2013.

 

Carolina: The Soundtrack

A short film about a soundtrack for a short documentary I am working on: Carolina, directed by Lilih Curi.

The film tells the story of a woman, dancer, warrior, researcher… and “def” (handicapped). For this composition I used my own rustic fiddlers, and some objects and daily instruments. Among them, the orthopedic equipment Carol used when a child.

I took a little time to shot some images during the making.

Schoenberg vs. Excel

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Terceira aula de Técnicas de Análise I. O professor Marcos Di Silva nos pede uma análise serial simples do ínicio da Suite Op. 25 de Schoenberg.
Hoje em dia há um número considerável de ferramentas para assistir na identificação de séries e intervalos —incluindo o clássico Processador de Classes de Notas (PCN) de Jamary Oliveira  e diversas ferramentas online.

Mas eu aproveitei para tirar do baú uma velha planilha que fiz no Excel em 2013. Neste spreadsheet, basta preencher os quadrados amarelos com números ou com notas, e as fórmulas farão o resto: traduzir os nomes das notas para números de classes (se necessário), e criar uma matriz serial com ambos, nomes (em cima) e números de classe (embaixo). Adicionalmente, o spreadsheet traspõe a série para Dó (com relação à primeira nota) e gera a matriz nominal e numérica para essa série transposta.

Eu tinha planejado implementar mais algumas funcionalidades na planilha -como, por exemplo, o cálculo do vetor intervalar-, mas no fim das contas meu interesse pelo serialismo durou muito pouco. Na época, não analisei nada, compus apenas uma pequena miniatura e parti para outros universos, e esta planilha só serviu como troféu para um desafio conquistado.  Hoje tenho a oportunidade de revisitar a invenção, mesmo que brevemente, para analisar a Suite, usando as canetas virtuais do aplicativo Drawboard PDF.

Identificando o uso das séries em Schoenberg

A série de Shoenberg, pelo menos na primeira vez que aparece, é:

E F G Db Gb Eb Ab D B C A Bb

A matrix serial facilita a identificação de porções (transpostas, invertidas, retrógradas) da série de Schoenberg. A análise, neste caso, serve como numa espécie de engenharia reversa das transformações, estruturas e regras no universo que o compositor criou para esta peça.

Um dos problemas, ou melhor, um área para possível melhoria desta ferramenta, é que as buscas tem que ser feitas manualmente -mais ou menos como num jogo de caça-palavras ou sopa de letras-. Essa busca poderia ser automática: bastaria colocar uma sequencia de 2 ou mais notas ou classes e deixar que a ferramenta encontre em que lugar da matrix esse fragmento de série pode ser encontrado, se é em alguma das inversões ou dos retrógrados da série.

Também seria relativamente fácil transpor toda a matrix para qualquer nota, apenas preenchendo uma casa adicional da planilha. E permitir ao usuário escolher se deseja Sustenidos ou Bemois… Será o destino desta ferramenta crescer, sair de casa e brincar com os compositores adultos? Ou ela voltará para o baú depois de cumprir o dever de casa?

 

 

Mar Revolto

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Esta pequena peça foi escrita em 2011, em apenas uma tarde, produto da convergência: foi a época em que comecei as minhas aulas de composição com Ataualba Meirelles nos Cursos de Extensão da Ufba, e frequentava as master-classes do professor Pedro Robatto -coisa que faço até hoje-.

A versatilidade do instrumento me fez imaginar uma espécie de duo para clarinete solo, dividindo o material em planos. Enquanto isso, Ataualba havia me mostrado uma música dele, mais para o gênero do jazz contemporâneo, onde um baixo elétrico fazia uma introdução com ‘sabor serial’. E assim, sem nenhum compromisso com o serialismo, arrisquei dar um pouco desse tempero para um dos planos que compunham este diálogo.

O estudo foi estreado por Pedro Robatto no Teatro Villa Velha em 2013.

A peça não tem exatamente uma narrativa programática, mas a imagem de um barco enfrentando um mar agitado me acompanhou durante o processo. Muitos já conhecem o talento e a excelência de Pedro Robatto na clarineta, mas nem todo mundo conhece a forte relação que o professor tem com o mar, e é por isso que essa peça foi inspirada e dedicada a ele, meu maestro e amigo.