Schoenberg vs. Excel

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Terceira aula de Técnicas de Análise I. O professor Marcos Di Silva nos pede uma análise serial simples do ínicio da Suite Op. 25 de Schoenberg.
Hoje em dia há um número considerável de ferramentas para assistir na identificação de séries e intervalos —incluindo o clássico Processador de Classes de Notas (PCN) de Jamary Oliveira  e diversas ferramentas online.

Mas eu aproveitei para tirar do baú uma velha planilha que fiz no Excel em 2013. Neste spreadsheet, basta preencher os quadrados amarelos com números ou com notas, e as fórmulas farão o resto: traduzir os nomes das notas para números de classes (se necessário), e criar uma matriz serial com ambos, nomes (em cima) e números de classe (embaixo). Adicionalmente, o spreadsheet traspõe a série para Dó (com relação à primeira nota) e gera a matriz nominal e numérica para essa série transposta.

Eu tinha planejado implementar mais algumas funcionalidades na planilha -como, por exemplo, o cálculo do vetor intervalar-, mas no fim das contas meu interesse pelo serialismo durou muito pouco. Na época, não analisei nada, compus apenas uma pequena miniatura e parti para outros universos, e esta planilha só serviu como troféu para um desafio conquistado.  Hoje tenho a oportunidade de revisitar a invenção, mesmo que brevemente, para analisar a Suite, usando as canetas virtuais do aplicativo Drawboard PDF.

Identificando o uso das séries em Schoenberg

A série de Shoenberg, pelo menos na primeira vez que aparece, é:

E F G Db Gb Eb Ab D B C A Bb

A matrix serial facilita a identificação de porções (transpostas, invertidas, retrógradas) da série de Schoenberg. A análise, neste caso, serve como numa espécie de engenharia reversa das transformações, estruturas e regras no universo que o compositor criou para esta peça.

Um dos problemas, ou melhor, um área para possível melhoria desta ferramenta, é que as buscas tem que ser feitas manualmente -mais ou menos como num jogo de caça-palavras ou sopa de letras-. Essa busca poderia ser automática: bastaria colocar uma sequencia de 2 ou mais notas ou classes e deixar que a ferramenta encontre em que lugar da matrix esse fragmento de série pode ser encontrado, se é em alguma das inversões ou dos retrógrados da série.

Também seria relativamente fácil transpor toda a matrix para qualquer nota, apenas preenchendo uma casa adicional da planilha. E permitir ao usuário escolher se deseja Sustenidos ou Bemois… Será o destino desta ferramenta crescer, sair de casa e brincar com os compositores adultos? Ou ela voltará para o baú depois de cumprir o dever de casa?